Meu diagnóstico precipitado se revela a cada abrir e fechar de olhos mais verdadeiro e irreversível. Minha boca seca, meus olhos enchem-se do líquido escasso, meu coração segue descompassado desde a última vez e isso só piora. Falta algo entre meus dedos, o que ouço é pouco demais, a ausência que deveria me fazer esquecer, só me lembra um tanto mais. Eu tenho que parar de contar as vezes em que eu acordo no meio da noite e, feito bêbado no escuro, levanto em desconcerto procurando tua voz, teu cheiro, tua pele, teu gosto por tudo quanto é canto até me dar conta de que não está aqui. E, feito criança, volto para a cama, me cubro de alguma solidão e medo de perder algo, luto para manter os olhos fechados, acabo adormecendo e voltando ao mesmo lugar.